segunda-feira, 28 de maio de 2018

Grafite na Agulha: 46) Um "engenheiro" no Japão

Sempre me disseram que sou um cara esquisito. E eu acredito, e concordo — toda vez que me olho no espelho. Sou nota dissonante no coro (geral) dos contentes. Por essas e outras, gastei mais de quatro décadas procurando os soldados pra meu exército, o de um homem só. O foda dessa busca é que, quando encontrava alguém, esse alguém fazia parte de outro exército, visto que se alistara em seu próprio... exército de um homem só. Já adolescente, quando todos gostavam de Paralamas, Titãs, Legião, eu (embora gostasse também de todos esses) viajava mais na infinita estrada de uns caras esquisitos vindos lá dos pampas, cujo cantor insistia em cantar, com a maior naturalidade, o erre gaúcho (que é igual ao de Sampa, embora — quase — todos o reneguem). O que me chamava muito a atenção neles era que, como eu, eles tinham fé cega e pé atrás.

domingo, 13 de maio de 2018

Esquerda, Volver: 19) Por mais humor (e amor) na esquerda

Há pouco tempo, meu querido amigo Julinho Camargo, figuraça, grande músico e intérprete da cena paulistana e dono do Garagem Vinil — importante QG da música independente de brasuca e que abriga, entre outras coisas, as noites autorais do Clube Caiubi de Compositores —, fez no Facebook mais uma de suas tantas brincadeiras. Sujeito bem-humorado e com boa quilometragem, soltou ele: "Cheguei à conclusão de que mulher bonita tem que pagar mais caro. Elas dão muito trabalho." Teria sido apenas mais uma inofensiva piadinha, talvez com certo quê machista, admito, mas todos que o conhecem sabem que não houve maldade ou desrespeito no comentário. Eu mesmo, quando li, praticamente o imaginei ao vivo comentando e dando em seguida uma boa gargalhada (vejam como foi aqui).

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Crônicas Desclassificadas: 192) A arte do encontro

Sonhei recentemente com o diálogo a seguir. O jeito foi acordar e transcrevê-lo. Com algumas adaptações, claro, mas só pra não dizer depois que não fiz nada.


A arte do encontro


Lá vem ela, apressada, caminhando a passos largos. Ele vai em sua direção, devagar, mãos nos bolsos e assoviando. Quando a vê, abre um sorriso de comercial de pasta de dente, como se acabasse de encontrar uma velha conhecida, e a aborda:

— Oi! Você tá indo no sentido errado. O caminho certo é por aqui.

— O quê? Como assim? Moço, desculpa, mas eu tô com pressa.